quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

“A Fraude da Celulose” será lançado em Porto Alegre


por Marco Aurélio Weissheimer


“Ásia, América Latina e a costa do Pacífico: esse será quase seguramente o rumo que tomarão na década atual as indústrias de cloro, após haverem sido ‘desterradas’ da Europa e Estados Unidos pelos contínuos protestos das organizações ecologistas”, diziam Kenny Bruno e Jed Greer no artigo “A nova ameaça tóxica”, publicado na Revista del Sur, de Montevidéo, em agosto de 1993. Doze anos mais tarde, a previsão era uma realidade.
(Trecho do livro “A Fraude da Celulose”, de Victor Bachhetta)

O jornalista uruguaio Victor Bacchetta estará em Porto Alegre nesta semana para participar de um debate na Assembléia Legislativa e do lançamento da edição em português de seu livro “A Fraude da Celulose”. Na quinta (17), Dia do Bioma Pampa, Bacchetta falará, no plenarinho da Assembléia, sobre os impactos sócio-econômicos e ambientais da silvicultura para celulose no Cone Sul. No mesmo evento, o professor Valério Pillar, do Departamento de Ecologia da UFRGS, falará sobre as ameaças das monoculturas arbóreas à biodiversidade do Bioma Pampa. As palestras iniciam às 19 horas e são abertas ao público.

Na sexta (18), a edição em português do livro “A Fraude da Celulose” será lançada em uma sessão de autógrafos, a partir das 18h30min, na Livraria Palmarinca (Rua Jerônimo Coelho, 281). A tradução da obra, uma iniciativa do jornalista Renzo Bassanetti, foi viabilizada através de uma parceria entre vários sindicatos: Sintrajufe, Sindiágua, Semapi, Sinpro-RS e Sindisprev-RS.

Nas 228 páginas de “A Fraude da Celulose”, Bachetta analisa a entrada e o impacto da indústria de celulose e de seus monocultivos de eucalipto no Uruguai e no Cone Sul. Em seis capítulos, o jornalista aborda os antecedentes e o marco internacional deste processo, os impactos da florestação, a relação com as indústrias de celulose, os conflitos fronteiriços decorrentes de seu ingresso e a discussão pública sobre o tema.

Para o autor, as promessas feitas pelo setor são uma fraude: aumenta a exclusão social, emprega menos pessoas que o grande latifúndio e concentra renda nas mãos de uns poucos grupos. A partir dos resultados de sua pesquisa, Bacchetta mostra que as corporações de celulose estão se instalando aqui por causa da terra e da mão de obra extremamente baratas para os padrões europeus, pela existência de órgãos ambientais sucateados e sem condições de fazer um monitoramento adequado, e pela concessão de incentivos e isenções fiscais que não obteriam em nenhuma outra parte do planeta.


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