segunda-feira, 3 de maio de 2010

Inércia quelônia

Há uns quarenta dias, neste mesmo espaço, observávamos que no final da primeira quinzena de março o 2010 ainda não começara na Prefeitura. Logo em seguida Fogaça renunciou, abrindo espaço para o seu vice. O novo prefeito, mesmo antes de assumir, nas entrelinhas de suas primeiras entrevistas manifestou sua insatisfação com o estilo e o ritmo imprimido à administração da cidade pelo antecessor. Fortunati não podia, é claro, falar em “herança maldita”, mas se apressou em anunciar inúmeras mudanças e correções de rota. Ao afirmar que iria reativar o Orçamento Participativo, por exemplo, endossou as freqüentes críticas da oposição e, por via indireta, concordou que o OP tinha problemas, que não vinha sendo bem conduzido.

Neste início de maio, findo o primeiro quadrimestre do ano, verificamos que nada mudou: um quadro da mais absoluta inércia permanece em todas as secretarias e departamentos da prefeitura. Na SMAM e na área de Ciência e Tecnologia – órgão municipal recentemente criado – a pasmaceira é tão grande que certamente numa e noutra será possível ouvir o zumbido de uma mosca. Todos projetos -destas duas importantes áreas de atuação municipal – são quase trinta – não foram iniciados, registram no sistema de execução orçamentária da prefeitura EXECUÇÃO ZERO.

Dos cerca de cento e oitenta projetos constantes na lei orçamentária 2010, cento e quarenta e oito não tiveram sequer um real comprometido, liquidado ou pago, o que corresponde a mais de 80% do total!

Ao entregar o projeto de lei do orçamento na Câmara, no final de 2009, Fogaça fez pose, encheu a boca e anunciou investimentos totais de 546 milhões de reais para este ano. Um verdadeiro recorde! Exagerou e mais uma vez prometeu o que não vai cumprir. Até agora foram investidos modestíssimos 49 milhões, 9% do valor previsto para o ano

Na Secretaria da Saúde, os três projetos principais – Sistema de Saúde da Restinga, HPS da Zona Sul e Hospital da Lomba do Pinheiro registram execução zero. No DEP o projeto “Obras do Sistema Contra Cheias da Cavalhada” também não avançou um milímetro, pelo quarto ano consecutivo. Na SMOV o projeto iluminação pública teve empenhados um mil e 700 reais! Não é preciso ser profeta para prever que a cidade vai continuar escura! A Cultura é outra secretaria com desempenho insuficiente: registra doze projetos não iniciados. Na SMT são mais cinco. A Secretaria de Esporte e Lazer é outra que não iniciou nenhum dos projetos previstos.

Quem, como eu, que regularmente consulta o sistema orçamentário da prefeitura se depara – invariavelmente – com uma interminável repetição de zeros. Depois de cada projeto a monótona, repetitiva sucessão de “zero no empenhado, zero no liquidado, zero no pago”. Constata que este governo faz muito menos do que promete, faz quase nada. E, circulando pela cidade se depara com o cenário triste de ruas sujas, esburacadas, alagadas e mal iluminadas.. Só pode concluir que esse governo se resume numa única palavra: ZERO!


Um comentário:

Unknown disse...

Olha a coincidência: ontem escrevi este texto sobre a nossa triste capital: O QUELÔNIO AGORA MATA

Na Câmara de Vereadores dizia que o Executivo tinha velocidade de uma “tartaruga manca” para solucionar os problemas da cidade.
Minha avaliação não estava rigorosa. Os munícipes agora morrem por omissão ou incompetência e a cidade percebeu a precarização da gestão atual.
As paradas de ônibus além de eletrocutar estão sujas e escuras. Passar pela III Perimetral é doloroso já que fui um dos secretários que a construiu. Há paradas com as peças quebradas e sem reposição. A escuridão sobre o Viaduto José Eduardo Utzig, traz insegurança para os passageiros. Há grades de proteção abalroadas e sem conserto. Nosso patrimônio se deteriora a olhos vistos.
A saúde que estava mal, virou assunto policial. Primeiro, a denúncia de extorsão praticada pelo assessor jurídico. Depois, o sumiço de R$ 9 milhões com a Sollus. E, por fim, o assassinato do secretário. Quanto a Sollus nossa bancada avisou que a mesma tinha problemas sérios em outras cidades. A sua contratação já nos fazia desconfiar de algo nebuloso. Agora, até vacina se aplica errado!
Quando chove o tapa-buraco é lento, digno do quelônio citado. As calçadas do Centro são uma calamidade por falta de fiscalização. Na esquina da Rua da Praia com a Ladeira, foram retiradas as peças coloridas e colocado cimento. Para a troca de lâmpada, temos que esperar meses. Com o trânsito caótico a EPTC coloca menos agentes na rua e aceita redução nas viagens de ônibus. Ali, as pessoas viram sardinhas.
Cessou o alargamento da Diário de Notícias. O Executivo não consegue desapropriar um pequeno comércio e a via ficou estreita assim como uma rótula inacabada há ano e meio. Não é uma tartaruga manca?
Mas, o prefeito Fogaça era rápido para nomear cargo em comissão e estagiário. Prometeu que iria reduzir os cc's, porém contratou mais. O número de estagiários é um escândalo.

Guilherme Barbosa
Engº – Porto Alegre


Saudações.