STF dividido valoriza o voto de Peluso
por RicardoKotscho
Por que é tão importante o voto do ministro Cezar Peluso, que se
aposenta no final do mês, em meio ao julgamento do processo do mensalão?
O voto de Puluso está valorizado pelo simples e bom motivo de
que o STF parece rachado ao meio depois de quase 50 horas de julgamento, e um
voto pode definir a condenação ou a absolvição dos 37 réus que restaram.
E o voto de Cezar Peluso, segundo toda a grande mídia, é dado
mais do que certo pela condenação, se possível à pena máxima, dos principais
acusados.
A divisão do tribunal fica mais evidente a cada intervenção dos
ministros, como aconteceu nesta quarta-feira, durante a discussão das
preliminares do voto do relator Joaquim Barbosa, outro que também deve pedir a
condenação de pelo menos boa parte dos réus.
De um lado, há os que têm pressa (o próprio Barbosa, Gilmar
Mendes, seu antigo desafeto e agora aliado, e o presidente do STF, Ayres
Britto), sob a intensa pressão da mídia, para que a eventual condenação dos
réus, com a antecipação do voto de Peluso, possa influir nas eleições de 7 de
outubro.
De outro, estão os que querem seguir o cronograma e não aceitam
mudar os ritos do julgamento (Celso de Mello, Marco Aurélio de Mello, Ricardo
Lewandowski e José Antonio Toffoli). Os demais pouco se manifestam e ninguém
tem ideia de como eles irão votar.
À beira de um ataque de nervos, sem saber se ficava em pé ou
sentado, devido às suas crônicas dores na coluna, o relator Barbosa, que parece
ter transformado o julgamento do mensalão numa questão pessoal, queria que o
STF mandasse um ofício à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) denunciando as
ofensas que teria recebido dos advogados de defesa.
Após um acalorado debate, em que muitos falavam ao mesmo tempo,
como numa mesa redonda de futebol, a maioria dos ministros negou a
solidariedade reivindicada pelo relator, que começará a ler o seu voto de
anunciadas mil páginas na tarde desta quinta-feira.
Os argumentos apresentados na acusação do procurador-geral
Roberto Gurgel e pelas defesas dos réus podem servir tanto para justificar os
votos pela condenação como os que pedirão a absolvição dos réus.
Com tantos políticos envolvidos no processo e o clima de
beligerância no tribunal, é humanamente impossível que o julgamento não seja
político.
Como o Direito não é uma ciência exata, ao contrário do que
esperam os defensores de um julgamento técnico, o resultado é absolutamente
imprevisível _ daí toda esta polêmica em torno do voto de Cezar Peluso.
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Barbosa ameaça deixar corte antes do fim do julgamento
O ministro relator da ação penal 470, Joaquim Barbosa, ameaçou abandonar a corte antes do término do julgamento, caso os ministros não adotem a metodologia de votação em blocos, proposta por ele. O ministro revisor, Ricardo Lewandowiski, reagiu e defendeu a votação integral por cada ministro. Para colocar fim ao impasse, o presidente da Corte, Ayres Brito, sugeriu que cada um vote como quiser. E a maioria concordou. “Será uma Babel”, avaliou o ministro Marco Aurélio de Mello.
Najla Passos
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