Ao falar da sacada da
embaixada do Equador em Londres, o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange,
pôs em evidência o soldado Bradley Manning, que está há mais de 810 dias em uma
cela solitária e sob tortura nos EUA, acusado de ter vazado centenas de milhares
de telegramas do Pentágono e do Departamento de Estado, assim como vídeos de
crimes de guerra, considerando-o, caso seja a fonte dos mesmos, como "um
dos presos políticos mais importantes do mundo".
O porta-voz da
secretária de Estado Hillary Clinton, P.J. Crowlely, foi forçado a se demitir
após afirmar que Manning não fora declarado culpado de crime algum e que sua
prisão era "contraproducente e estúpida". Com base nas denúncias, o
relator da ONU para casos de tortura, Juan Mendez, tentou investigar a situação
de Manning, mas foi impedido pelo Pentágono, que não aceitou que ele se
reunisse sozinho com o soldado. Visita, só na presença de oficiais dos EUA.
Mendez se declarou "desapontado e frustrado com a má-fé" do governo
norte-americano. A Anistia Internacional também teve negado pedido para vê-lo.
Manning enfrenta mais de
22 acusações, inclusive a de "colaborar com o inimigo" e está
ameaçado até mesmo de execução. Ativistas e entidades de direitos humanos têm
organizado protestos em frente à prisão em que Manning está encarcerado e
arrecadado fundos para sua defesa. Mais de 250 juristas enviaram uma carta
aberta a Obama, em que afirmam "que não há desculpas para este tratamento
degradante e desumano antes de um julgamento". Entre os signatários, está
Laurence Tribe, que deu aulas de direito a Obama em Harvard e que chegou a
declará-lo seu melhor aluno. Ele classificou as condições de prisão de
"ilegais e imorais".
Como se sabe, os
documentos não foram "passados ao inimigo" – se é que foi ele – e sim
ao WikiLeaks e daí às páginas dos jornais e telas das emissoras de TV do mundo
inteiro o que, como os "Papéis do Pentágono" fizeram em 1971 em
relação à guerra do Vietnã, só ajuda a impulsionar uma saída dos atoleiros no
Iraque e Afeganistão. O que os documentos vazados mostraram foram centenas de
milhares de atos do governo dos EUA intervindo no mundo inteiro, e o desastre
no Iraque e Afeganistão. Um dos mais impactantes documentos é, exatamente, um
vídeo da guerra do Iraque, em que um helicóptero é orientado, pela base, a
disparar contra oito civis iraquianos. Os assassinatos são consumados diante
das câmeras.
Fonte: Jornal Hora do povo
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