quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

" Chicago's Gods "


O prêmio é a Selic


Do Valor Econômico


Copom é o prêmio da guerra cambial


Luiz Sérgio Guimarães

08/12/2008


O principal acontecimento econômico desta semana não está desvinculado da queda-de-braço travada pelo Banco Central e os especuladores no mercado de câmbio. A última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira, pode ser até o alvo central das escaramuças em torno da taxa de câmbio. A cotação do dólar está servindo de munição destinada a convencer o BC de que não será prudente começar a baixar a Selic tão cedo. O território a ser conquistado pelas instituições não são os lucros gerados aos detentores de swaps cambiais por dólar acima de R$ 2,60, mas a manutenção da Selic em 13,75% por pelo menos mais seis meses. Com isso, os especuladores ganham nas duas pontas, tanto com o juro alto quanto com o dólar caro. E a economia como um todo perde pelos dois lados: o primeiro comprime ainda mais a atividade já ferida pela crise externa e o segundo injeta combustível às expectativas de inflação.

O tiroteio cambial foi devastador na sexta-feira. De manhã, tendo como pretexto a extinção recorde de empregos nos EUA, o movimento comprador empurrou o dólar para até R$ 2,6210. A variação do dólar compõe a base da remuneração dos swaps cambiais emitidos no início da crise e que começam a vencer. A finalidade da esticada era chamar o BC para a briga. E ele foi, duplamente. Primeiro, sob a forma de intervenções. Fez cinco leilões, três de venda direta de dólar no mercado à vista e dois de venda de contratos de swaps cambiais. No total, abasteceu o mercado com US$ 2,3 bilhões. Em segundo lugar por meio de declarações oficiais insinuando a intenção do BC de não reduzir a taxa Selic. Este segundo fator pode ter sido até mais decisivo para a queda verificada no dólar no período da tarde. Foi depois dele que a moeda derreteu 4,42%, batendo na mínima de R$ 2,4240. A moeda encerrou o dia cotada a R$ 2,4790, em baixa de 2,24%. Vitória do BC? Na semana, acumulou valorização de 7%.


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