" Orlanda de los Dolores "
Desistiu de lutar, aceitou o marido que a traía e se calou depois de casar os filhos. Deus lhe dera esse destino e apagara seus sonhos. Como contrariá-lo? Sentia-se desaparecer, procurava dores, até descobrir Armando na internet. Com ele ingressou na intimidade digital e proibidos prazeres. Ele jurava amá-la e convenceu-a que em São Paulo seriam felizes e ela concordou. Na terça-feira, com jeito de sábado, Orlanda raspou a conta conjunta, arrumou a mala verde e atrás de uma das fotos que tirara de si mesmo para enviar a Armando, escreveu: não pretendo voltar. Cuida de Bóris. Sei que não farei falta. Me desculpa.
A família em choque se dividia entre perguntas e vergonhas. Ninguém notara nada? De vez em quando, chegavam notícias lacônicas, sem endereço. Nunca saberiam que o homem que a levara, era um cafajeste e levara muito de seu dinheiro, mas o preço foi adequado para se descobrir viva e pronta para recomeçar. A imagem do corpo de Orlanda na renda preta não saía da cabeça do marido. Quem era ela, afinal?
Pintura mista de Cristina Rosa - pintura acrílica, colagem - 2005
História de Maria Helena Weber - 2008
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