quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

" Sabedoria " Tibetana



A revelação das conversas entre o coronel Paulo Mendes e o ex-secretário-geral da Prefeitura de Canoas, Chico Fraga (PTB), trazem mais uma vez à tona os canais de influência e lobby no governo Yeda Crusius (PSDB). O que levaria o coronel a ligar para um dos principais indiciados na Operação Rodin para pedir ajuda na nomeação a um dos cargos mais importantes do Estado? Mendes sabia que Fraga estava completamente enredado nas investigações. As conversas ocorreram em pleno andamento da CPI do Detran. Mesmo assim ligou, certo de que o amigo ainda tinha canais de influência junto ao governo. O nome de um desses canais é o do deputado federal Eliseu Padilha (PMDB) que intercedeu junto à governadora pela nomeação de Mendes. Padilha está sendo investigado no âmbito da Operação Solidária e foi obrigado a sair de cena nos últimos meses.

No dia 3 de setembro, o Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer recomendando a abertura de investigação dos deputados federais Eliseu Padilha e José Otávio Germano (PP). O pedido inicial de investigação de Padilha e Germano foi feito pelo Procurador da República, Adriano dos Santos Raldi, que atua em Canoas, baseando-se em investigações sobre irregularidades envolvendo a prefeitura deste município, administrado pelo tucano Marcos Ronchetti. Além de Padilha e Germano, Raldi pediu que também fossem investigados o presidente da Assembléia Legislativa do RS, Alceu Moreira (PMDB), o secretário estadual de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano, Marco Alba (PMDB), o então secretário geral de Canoas, Francisco Fraga (PTB), e o prefeito de Sapucaia do Sul, Marcelo Machado (PMDB).

Além de parceiros políticos, Chico Fraga e Padilha são amigos. Padilha chegou a empregar a esposa de Fraga como funcionária de seu escritório político em Porto Alegre. Os dois tiveram grande influência na formação do governo Yeda Crusius. No período de formação do governo, Fraga foi consultado algumas vezes pela governadora, havendo inclusive uma foto já célebre (do jornal Zero Hora) de Yeda conversando exaltada com o então secretário-geral da gestão Ronchetti. Na CPI do Detran, Fraga chegou a dizer que essa era a única foto que tinha com a governadora.

Padilha, por sua vez, além de influir em nomeações, também foi um conselheiro nos momentos mais agudos do escândalo do Detran. No auge da crise, por ocasião da divulgação das conversas do vice-governador Paulo Feijó (DEM) com o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto (PPS), Padilha foi um dos atores da composição do gabinete de crise, no final de semana que ameaçou a sobrevivência do governo. Os nomes de ambos tinham saído de cena. Voltam agora, envolvendo uma figura central do governo Yeda nos últimos meses. Por uma incrível coincidência (?), a revelação dos laços de Mendes, Fraga e Padilha ocorre justamente no dia em que o Diário Oficial do Estado anunciou a saída do coronel do comando geral da Brigada.


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