sexta-feira, 5 de julho de 2013

Toga egipto-brazileira






BARBOSA: FILHO NA GLOBO E VIAGENS PAGAS PELO STF

247 - O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, tem um filho, Felipe Barbosa, que acaba de ser contratado pela Rede Globo. É o que informa a jornalista Keila Jimenez, da coluna Outro Canal, da Folha. Leia abaixo:

Reforço O mais novo contratado da produção do "Caldeirão do Huck" (Globo) é Felipe Barbosa, filho do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa.

Reforço 2 A Globo e fontes na produção da atração negaram para a coluna a recente contratação do rapaz. Disseram que ele foi apenas fazer uma visita ao Projac, no Rio.

Reforço 3 Mais tarde, a emissora confirmou que Felipe fora mesmo contratado para um trabalho de pesquisa temporário no programa de Luciano Huck. O jovem é formado em comunicação social.

Talvez para comemorar a contratação, Barbosa e Felipe tenham ido juntos a um jogo da seleção brasileira, no camarote de Huck e Angélica. Barbosa viajou com as despesas pagas pelo STF.




Viagem de Barbosa ao Rio, bancada pelo STF:

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, teve as despesas de sua viagem para assistir ao jogo Brasil e Inglaterra no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, no dia 2 de junho, pagas pela Corte.
Os voos de ida e de volta foram feitos em aviões de carreira. O STF alega que a viagem foi paga com a cota que os ministros têm direito.
Segundo informações do Estadão, na agenda do ministro não havia nenhum compromisso oficial no Rio de Janeiro durante o final de semana do jogo no Maracanã.
Ele assistiu à partida ao lado do filho Felipe no camarote do casal de apresentadores da TV Globo Luciano Huck e Angélica.
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada no dia 20 de maio revela, com base nos dados que estavam publicados no site do STF, conforme determina a Lei de Acesso à Informação, que em quatro anos (de 2009 a 2012), o total de recursos públicos gasto em passagens pelos ministros e suas esposas foi de R$ 2,2 milhões, sendo que R$ 1,5 milhão foi usado em viagens internacionais. No período, foram destinados R$ 608 mil para as mulheres de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski - ainda na corte -, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Eros Grau - já aposentados.
Cotado como presidenciável, Barbosa não tem demonstrado, em sua vida pessoal, o mesmo rigor que cobra dos outros. Recentemente, soube-se que a reforma do banheiro do seu apartamento funcional, em Brasília, custou mais de R$ 90 mil (leia aqui).





Dr. Barbosa não dominou muito bem o fato

5 de Jul de 2013 | 11:17

O Ministro Joaquim Barbosa não pode ser crucificado antes que tenha o direito de explicar as informações – que explodiram na rede, mas não nos jornais impressos, hoje.
Sua Excelência talvez não tivesse o domínio do fato, ou das consequências do fato, de usar uma passagem paga com o dinheiro público para um final de semana no Rio. Talvez isso seja legal, afinal de contas.
Igualmente, o Dr. Barbosa pode não ter se dado conta de que assistir o jogo no camarote dos globais Luciano Huck e Angélica -será que era pessoal ou da emissora? – possa ser compreendido como uma intimidade pouco recomendável ao presidente de um Poder da República, ainda mais quando este dá lições – justas – de austeridade a torto e a direito.
O argumento de que seu filho é contratado de Huck é pequeno, perto disso. E aliás, o Dr. Barbosa é habitué do camarote, no qual já assistiu ao amistoso Brasil e Inglaterra, na reabertura do Maracanã, como você vê na foto do UOL.
Afinal, o Dr. Barbosa não é chegado a mordomias, com toda a razão, não é?
Sobretudo, talvez o Dr. Barbosa não tenha previsto que ele próprio pudesse ser vítima de uma acusação lançada assim ao país, como fato indominável, sem direito de uma explicação ou análise ponderada.
Ou que não creia na famosa cítara jurídica de que a honra é como um baú de penas que, aberto ao vento, não há como reparar.
Ou daquela outra, sobre a mulher de César.

A Globo e Joaquim Barbosa são um caso indefensável de conflito de interesses

PAULO NOGUEIRA - O5.JULHO.2013



Com seu filho empregado na Globo, JB fica moralmente impedido de julgar coisas relativas à Globo.

charge Lili
Não há outra explicação.
Como pode a Globo dar emprego ao filho de JB? E como JB pode deixar que isso ocorra?
Neste exato momento, a Globo enfrenta uma questão multimilionária na Receita Federal. Documentos vazados – demorou para que isso ocorresse – por alguém da Receita contaram uma história escabrosa.
Os documentos revelam, usemos a palavra certa, uma trapaça. Com o uso de um paraíso fiscal, a Globo fingiu que estava fazendo uma coisa quando comprava os direitos de transmissão da Copa de 2002.
A Globo admitiu a multa que recebeu da Receita. E em nota alegou ter quitado a dívida.
Mas a fonte da Receita disse que não é verdade. E pelo blog O Cafezinho, que trouxe o escândalo, desafiou a Globo a mostrar o recibo.
Apenas para constar.
O dinheiro que a Globo não recolheu constrói escolas, hospitais, portos, aeroportos etc etc.
Mas, não pago, ele termina na conta dos acionistas.
Foi, além do mais, usado um paraíso fiscal, coisa que está dando prisão na Europa hoje em dia.
Isto tudo posto, vamos supor que uma questão dessas termine no STF.
Qual a isenção de JB para julgar?
É uma empresa amiga: emprega o filho dele.
Dá para julgar?
E a sociedade, como fica?
Gosto de citar um dos maiores jornalistas da história, Joe Pulitzer. Às equipes que chefiei, citava exaustivamente uma frase que é vital para o exercício do bom jornalismo.
“Jornalista não tem amigo”, escreveu Pulitzer.
O que Pulitzer dizia: se você tem amigos, você não vai tratá-los com a neutralidade devida como repórter ou editor.
A Globo está cheia de amigos, e esta é uma das razões pelas quais seu jornalismo é tão viciado – e seus donos tão ricos.
Mas as amizades de JB são ainda mais preocupantes, dado o cargo que ele ocupa.
A Justiça brasileira é um problema dramático.  Recentemente, os brasileiros souberam das estreitas relações entre o ministro Fux, também do Supremo, e um dos maiores escritórios de advocacia do Rio.
Sua filha, advogada, é empregada deste escritório. Como Fux pode julgar uma causa deste escritório?
Não pode.
Há um claro conflito de interesses.
O mesmo vale para Joaquim Barbosa.
Quem acredita que ele não enxergou o conflito de interesses no emprego dado a seu filho na Globo acredita em tudo.
É um caso tão indefensável que a Globo, inicialmente, negou a informação, obtida pela jornalista Keila Jimenez, da Folha. Procurada, a Globo, diz a Folha, negou a contratação. Disse que o filho de JB fora “apenas fazer uma visita ao Projac.
Só depois admitiu.
É uma história particularmente revoltante quando se lembra a severidade com que JB comandou o julgamento do Mensalão.
Ele fez pose de Catão com suas catilinárias anticorrupção, e impressionou muitos brasileiros que podem ser catalogados na faixa dos inocentes úteis.
Mas se fosse Catão não permitiria que seu filho trabalhasse na Globo. Não pagaria – como revelou o Diário – com dinheiro público a viagem de uma jornalista do Globo para uma viagem de completa irrelevância para a Costa Rica, apenas para obter cobertura positiva do jornal.
Não usaria, como se soube agora, recursos públicos para ver um jogo do Brasil num camarote de apresentadores – claro – da Globo.
E provavelmente Catão também jamais gastasse o equivalente a 90 000 reais, em dinheiro do contribuinte, para uma reforma.
Joaquim Barbosa não tem autoridade moral para ocupar o cargo que ocupa:  infelizmente os fatos são claros.
Ele é um drama, uma calamidade nacional.
Sêneca dizia que era mais fácil começar uma coisa errada do que depois resolvê-la.
A nomeação de JB por Lula – que procurava um juiz negro para o Supremo — foi um erro monumental.
Resolvê-lo agora é uma enorme, uma trágica dificuldade.


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