terça-feira, 18 de novembro de 2008

Brasília. Ou Diamantino?


A reportagem de capa desta edição de CartaCapital levará o leitor a conhecer a influência política do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em sua terra natal, Diamantino (MT). Que diferença será possível notar entre o homo politicus que emerge das ruas empoeiradas da pequena cidade e o chefe de um poder que faz tempo esqueceu seus próprios limites? Talvez o Gilmar de Diamantino seja mais desabrido ao confraternizar com empresas investigadas por formação de cartel ou não poupar esforços por manter no poder o grupo político encabeçado por sua família. Talvez não.

Em Diamantino, ao menos, os eleitores votaram por mudanças. Em Brasília, o presidente do STF está no centro de uma investida que reúne poderes variados, da Polícia Federal ao Congresso, para sepultar o que resta da Operação Satiagraha. Por decisão do governo, Paulo Lacerda não voltará ao comando da Abin neste ano. O juiz Fausto De Sanctis permanece sob pressão e corre o risco de ser afastado do caso.

O delegado Protógenes Queiroz voltou à berlinda, em uma sucessão de acontecimentos burlescos, a começar pelo fato de uma investigação montada para apurar vazamentos à imprensa da operação ter se convertido, ela própria, em um manancial de informações repassadas milimetricamente à mídia para destruir o trabalho de Queiroz. Alguém vai investigar o vazamento do vazamento?

Sobre este tema, aliás, CartaCapital dá sua contribuição e conta, na edição impressa, como uma juíza paulista informou um advogado de Daniel Dantas sobre detalhes da investigação. Após o desagravo corporativista encenado pelo Supremo na quinta-feira 6, Mendes paira sobre a Esplanada. Dia sim, dia não, o presidente do STF corre aos holofotes para opinar sobre algo (ainda não o ouvimos sobre a polêmica entre Marcos e Luxemburgo). Em geral, suas observações são recheadas de prejulgamentos, em mais um atentado às regras da Magistratura.

A última? Segundo relato atribuído ao senador Eduardo Suplicy, Mendes teria dito em um encontro com parlamentares que “o diretor da Abin, Paulo Lacerda, não poderá voltar ao comando da instituição, devido às irregularidades cometidas por ele e pelo delegado Protógenes”. Depois, quem é acusado de antecipar sentença é o juiz De Sanctis, que, em público, nunca deu uma única declaração que permitisse antever sua decisão sobre o caso.

O mais impressionante são os poderes que se curvam – ou convenientemente se calam. Mendes está em casa, como se da sua janela no STF fosse possível enxergar o horizonte desolador da pequena Diamantino.

(Por Redação CartaCapital)

FONTE: http://www.blogdomino.com.br/

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