Aberta a disputa pelo governo gaúcho
03/03/2009 11:28:36
Paulo Cezar da Rosa, de Porto Alegre
Os principais concorrentes neste momento se empenham em construir alianças e desenvolver estratégias que os tornem viáveis em 2010. No PMDB, Germano Rigotto e José Fogaça são os nomes mais citados. Rigotto se anuncia candidato ao Senado, mas não descarta ser governador. Fogaça afirma que vai permanecer prefeito de Porto Alegre até o final do mandato, mas não desautoriza os que o defendem para o governo estadual. No PT, os principais nomes são os de Olívio Dutra e Tarso Genro. Tarso e Olívio estão em campanha junto às bases partidárias e procuram construir alianças que ampliem o diálogo com outros setores. De comum, ambos têm afirmado a convicção de que o PT gaúcho não deve realizar prévias (um processo eleitoral onde os filiados escolhem o candidato pelo voto direto) porque isso traria desgaste ao partido.
No atual governo, o PSDB tem a tucana Yeda Crusius, considerada competitiva pelo partido e capaz de reeleger-se, apesar dos inúmeros conflitos e desgastes que acumulou até agora. Correndo por fora, sendo o maior opositor de Yeda em determinados momentos, o vice-governador Paulo Feijó (DEM) se posta como provável candidato, mesmo tendo a oposição da direção nacional de seu partido.
Os demais partidos, tanto os de maior expressão eleitoral como o PP, o PTB e o PDT, quanto os menores, até agora têm trabalhado para compor chapas, ocupando o cargo de vice ou apenas participando com vistas ao governo.
No Rio Grande do Sul, desde 1982 nenhum governador conseguiu a reeleição ou fez sucessor. A análise dos resultados desde o retorno à democracia sugere que o eleitor gaúcho está batendo cabeça, tentando encontrar uma saída para a crise do Estado.
Em 82, foi eleito Jair Soares, pelo PDS. Em 86, a maioria acompanhou a oposição, com Pedro Simon. Insatisfeitos com o PMDB, os gaúchos penderam à esquerda, com o trabalhista Alceu Collares em 1990. Quatro anos depois, em 94, acontece uma guinada em sentido oposto, elegendo Antônio Britto, um PMDB de vertente neoliberal. Decepcionados com Britto, os gaúchos resolveram radicalizar à esquerda em 98, elegendo Olívio Dutra, do PT, que vinha governando a capital com sucesso. Olívio também não conseguiu fazer o sucessor, e o eleitor gaúcho retornou a uma posição de centro, elegendo Germano Rigotto em 2002. Em 2006, nova surpresa: os gaúchos radicalizam à direita, com Yeda Crusius, do PSDB.
Cada governador até agora tem tentado impor o seu projeto, e o eleitor parece buscar uma solução totalizante, uma alternativa que re-posicione o Estado no contexto nacional e internacional. Tamanha turbulência tem levado amplos setores da opinião pública gaúcha a uma espécie de cansaço com o quadro de disputa. Mas também permite que mesmo candidaturas aparentemente sem viabilidade ou estrutura partidária, como a do vice-governador Paulo Feijó, possam sonhar com a vitória.
Além de oscilar de um lado para o outro no espectro político, os sete governadores eleitos nestes 26 anos de democracia são de Porto Alegre ou de Caxias do Sul. Jair Soares, Alceu Collares, Antônio Britto, Olívio Dutra e Yeda Crusius construíram-se política e eleitoralmente a partir da capital dos gaúchos. Pedro Simon e Germano Rigotto são oriundos de Caxias, na Serra Gaúcha. Para 2010, a exceção de Germano Rigotto, todos os demais nomes que hoje se mostram competitivos são porto-alegrenses.
Enquanto Yeda Crusius gera conflitos por onde passa, na capital, o prefeito José Fogaça vem sendo bem sucedido adotando uma orientação política que poderíamos chamar de “radical do bom senso”. Pode não ser ele o portador desta bandeira na corrida de 2010, mas tudo indica que, para vencer, o candidato, seja qual for, terá de ter um projeto que supere os conflitos permanentes e unifique os gaúchos em torno a uma saída para crise do Estado.
FONTE: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=3515
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